A INSURREIÇÃO DE ESCRAVOS EM VIANAA insurreição de escravos em Viana foi um levante protagonizado pelos quilombolas de São Benedito do Céu em 1867. Tal insurreição provocou um grande pânico na sociedade escravista maranhense.Como já havia acontecido na Balaiada, a convocação maciça da população livre para tropas do Império abriu espaço para a rebeldia escrava. O país necessitava de soldados por causa da Guerra do Paraguai que ocorreu entre 1864 e 1870. Todas as províncias foram obrigadas a remeter parte de seus habitantes para os campos de batalha. No Maranhão, muitos homens foram obrigados a se alistar. Tal conjuntura culminou também no sumiço dos homens livres pobres em idade de servir. Muitos deles fugiram e esconderam-se nas matas.Como resultado dessa situação, a sociedade maranhense ficou destituída dos homens livres pobres. Restaram apenas os senhores, os feitores e os numerosos escravos. Estes últimos começaram a manifestar sinais de desobediência diante de forças de repressão tão pequenas. Segundo as autoridades locais, os mocambeiros pareciam cada vez mais atrevidos.Diante de tais circunstâncias, em julho de 1867 quatrocentos homens do quilombo São Benedito do Céu consideraram-se fortes o bastante para saquear a fazenda Santa Bárbara e ocupar o engenho Timbó, exigindo armas. Vale ressaltar que, nesta ação, os quilombolas de São Benedito do Céu não invadiram qualquer fazenda, e sim aquelas que eles já haviam trabalhado. O conhecimento dos lugares assegurou o sucesso do ataque. Foi possível, ainda, conseguir apoio dos escravos em lugares em que mantinham relações de amizade. No momento dos ataques, os cativos das propriedades apoiaram os quilombolas.Ainda no mesmo dia, os quilombolas invadiram a Vila Nova de Anadia e pilharam mercadorias do comércio. Dois dias depois, eles voltaram à fazenda Santa Bárbara. Os mocambeiros forçaram o administrador da propriedade a escrever uma carta às autoridades, na qual exigiam liberdade aos escravos. Naquele momento, porém, uma tropa de 120 homens expulsou os mocambeiros da fazenda. Os rebeldes, desalojados, instalaram-se nas matas ao redor. Dois dias depois chegaram mais reforços. Então, os negros se afastaram, depois de vários deles terem sido presos.A insurreição gerou um grande impacto dentre os escravistas. Ela espalhou o terror na região. Em São Vicente Ferrer, localidade vizinha a Vila Nova de Anadia, o delegado teve dificuldade para deter a fuga dos moradores a outros locais.Este pânico foi percebido também pelos escravos de diversas partes da Província. Os cativos tornaram-se insubordinados: não atendiam às ordens dos senhores e resistiam ao trabalho compulsório. Naquele momento, os escravos acreditaram que Viana tinha sido apenas uma primeira ação. Outras ações como aquela culminariam em uma grande insurreição, como existiu por ocasião da Balaiada, três décadas antes.Diante de tal quadro, as autoridades tentavam, com algum sucesso, controlar a rebeldia dos escravos. Por exemplo, em Guimarães, o delegado de polícia foi pessoalmente verificar o desarmamento dos cativos das fazendas do barão de Bagé. Ele mandou castigar vários escravos e apreendeu 42 armas de fogo.O presidente da província enviou ainda uma tropa para atacar São Benedito do Céu. O embate provocou perdas para ambos os lados. As batidas não eliminaram, porém, os quilombos da região de Viana (Araújo, 1994: 139). Por isso, ao longo das décadas seguintes, os mocambeiros continuaram a empreender suas ações em prol da liberdade de todos os escravos.
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